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Projeto incentiva o desenvolvimento da Economia Solidária na região

Como podemos colaborar para ampliar a inclusão de pessoas no meio social, político, econômico e científico-tecnológico?

A ideia de projetos de Pesquisa e de Extensão em Economia Solidária surgiu através da prática da ITECSOL, Incubadora de Economia Solidária, que está inserida dentro da Agência de Inovação e Tecnologia (AGIT) da Unijuí, em atuação desde 2004, na tentativa de buscar respostas para as questões citadas acima. Segundo o professor Ênio Waldir da Silva, desde essa época, são desenvolvidos trabalhos com comunidades excluídas da sociedade e trabalhadores que precisavam um modo de vivência e para se sustentar. “Sempre trabalhamos com a organização dos catadores, com agricultura familiar, o artesanato e as agroindústrias, que acabam sendo atividades informais que as pessoas criam para poder sustentar suas famílias”.

Em 2013 o Governo Federal, através do Ministério do Trabalho e Emprego e a SENAES, lançou um edital com o apoio do CNPQ com o intuito de fortalecer ainda mais as ações das Incubadoras Universitárias. “Concorremos neste edital com o projeto Economia Solidária e Cooperativismo Popular na Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul”.

 

                   

O projeto visa fortalecer as ações e a cultura da economia solidária na região, organizar melhor os empreendimentos de economia e as associações, além de formá-los dentro dos princípios da economia solidária. As ações desenvolvidas, via método Pesquisa-Ação Participante, buscaram reforçar as associações já existentes de agricultores familiares e ajudá-los na formalização de uma possível microempresa.

Com o artesanato procurou-se uma organização em rede, para que conseguissem vender melhor os produtos e trocarem experiências. “Além disso, buscamos investigar também outros grupos que estavam sem associações e que viviam de trabalhos esporádicos para garantir suas rendas, que são os casos de costureiras e outros”, explica o coordenador do projeto, professor Ênio Waldir da Silva. 

A ideia era, também, mobilizar os poderes públicos da região, propondo a criação de políticas públicas para fortalecer essas atividades. “Nós atuamos mais na parte da reciclagem, em função da problemática do lixo urbano e da questão ambiental da cidade. É ali que temos um trabalho mais marcante com o poder público municipal”.

De acordo com o professor, o projeto teve um financiamento amplo e rico em experiências, principalmente formativa, para os bolsistas envolvidos. “Os alunos saíram com essa marca de uma atividade acadêmica que envolvia saberes populares, que era uma das justificativas teóricas do projeto como um todo, aproximar a universidade da sociedade e promover a cidadania a partir das ciências e dos diálogos com essas formas de vida de pessoas fora do mercado”.

Em em todas as formações realizadas, segundo o coordenador, foram abordadas questões sobre a formação dos princípios da economia solidária: dignidade, direitos humanos, da importância do trabalho coletivo, cooperativado.

Catadores

Uma das metodologias previa a perspectiva de formação, ou seja, realizar um levantamento junto a eles sobre quais as capacitações possuíam. “A maioria não tinha formação nenhuma, algumas pessoas eram analfabetas, então, nesses casos, buscávamos agregar outros projetos que nos auxiliavam. Foram desenvolvidas formações sobre a separação de materiais recicláveis, adequação de produtos, impactos de determinadores produtos no meio ambiente e como se dá uma organização associativa: como funcionaria uma associação, o trabalho coletivo, a gestão, contabilidade, prestação de contas e pagamentos, etc”. 

Artesanato

Neste caso, foram trabalhadas questões sobre a gestão, organização da feira, exposição de produtos, marketing, trabalhos em grupo, divisão de atividades, divisão de lucros, implantação de produtos que eles desenvolviam, como por exemplo, guardanapos e toalhas de mesa, etc. “Tudo isso dentro dos princípios da economia solidária”, frisa. 

Agricultura familiar

A questão fundamental desta formação era sobre os tipos de produtos que os agricultores poderiam elaborar, a qualificação deste produto, agregação de valores, dimensões ecológicas-ambientais, orgânicas, de higiene, gestão e administração. “Hoje podemos ver resultados disso na associação Natuagro, que tem um mercado bem forte com todos os produtos de agroindústria e de agricultura familiar”, finaliza.

O coordenador observa que houve um impacto muito grande na fortificação da capacidade desses trabalhadores. “Eles aprenderam como é você ter pouca renda, mas saber administrar e a viver com ela dentro da sociedade consumista e acumulativa, portanto, possuem, agora, uma visão muito melhor, inclusive sobre a importância dessas atividades no conjunto da economia em si para o processo de desenvolvimento. São formações voltadas para eles, nas suas áreas especificas nas temáticas correspondentes ao trabalho deles. Nosso levantamento é de que acabamos influenciando, direta e indiretamente, em atividades de mais de 500 pessoas durante esse processo todo de atividade do projeto”.  

Ele explica que aconteceu também uma modificação cultural, principalmente na compreensão do cidadão de que ele é totalmente responsável pelo seu lixo. “O catador, que é um sujeito fundamental na sociedade, é mediador entre ele e o meio ambiente”.

A produção de cidadania e conhecimento sobre a dignidade das pessoas são outros impactos importantes do projeto na sociedade. “Não são as condições financeiras das pessoas a medida do reconhecimento de seus valores na sociedade e nós criamos essa autovalorização do fundamento de suas vidas, mostrando que ela tem capacidade de sair dessa situação, sem esperar que os outros façam por ela e ficar nessa dependência constante”.

A meta final do projeto era de transformar associações dos catadores existentes na região em uma cooperativa regional. Conforme Ênio, para fazer isso era necessário ter políticas públicas voltadas para eles. “Não conseguimos porque o poder público tem muita dificuldade em criar uma proposta especial para estes trabalhadores e também não conseguem criar um projeto adequado de meio ambiente, mesmo com uma lei que obriga a criarem uma política de reciclagem de resíduos sólidos. Ficamos nessa dependência porque só com os catadores não tem como fazer uma cooperativa, uma vez que é necessário ter um terreno, construir os galpões, comprar máquinas e isso tudo sai muito caro”, lamenta, destacando que estes esforços pela economia solidária na região continuarão.


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