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Programa de final de ano: você terá o seu

A saga do "Amigo Secreto"

Quase sem perceber ele chegou e também se foi. Estou falando de 2008. A próxima frase que vou dizer é inédita, portanto preparem os olhos. Esse ano passou voando (eu avisei). Já estamos naquela época de receber e escrever cartões. Mensagens de auto-ajuda e derivados. Além, é claro, dos tradicionais apelos comerciais com o “bom velhinho. Tudo isso, sem faltar, um dos mais tradicionais eventos de final de ano: “o amigo secreto”. Alguém por acaso nunca participou de um?

Pois é, aposto que vai ser difícil encontrar quem não foi vítima de um “amigo secreto”. Sei, perceberam que usei a palavra vítima. Não foi um engano. Realmente acredito que somos vítimas dessa artimanha chamada “amigo secreto”. Explico. O amigo secreto é formado por três etapas de pura sacanagem. A primeira é a do pré-presente. A segunda a entrega do presente. E a terceira, a pior, o recebimento do presente.

A sacanagem já começa na hora do sorteio dos nomes. Como nenhum sorteio segue critérios de justiça e sim a lei de Murfy você já se ralou. O nome que está naquele papel te causa arrepio. Não porque ele, ou ela, é uma pessoa boa, ou ruim, mas sim porque você não tem a mínima noção do que vai dar para a criatura. Primeiro porque sempre (aqui um aviso de que só participei de amigo secreto de pobre) escolhem um valor tão baixo que só mágico para achar um presente decente. Mas digamos que você se esmere e consiga, depois de revirar a cidade no calor de dezembro com as pessoas esbarrando, te empurrando em lojas apertadas. Tudo isso para desembocar na fila do pacote. Mas você conseguiu. Seu presente é bom. Ele, ou ela, vai gostar.

Depois dessa maratona vem a segunda sacanagem, o dia do amigo secreto. Não basta chegar lá e entregar o presente. Claro que não. É necessário seguir o ritual do “secreto”. “Meu amigo secreto é uma pessoa legal. Eu não conheço bem essa pessoa, mas ela é muito legal”. Já adivinharam? Ninguém? Na verdade você já está pedindo socorro porque não tem mais nada para dizer. Mas o ritual segue. Alguém grita. “É homem ou mulher?” Alguns Blá, blá, blás e constrangimento depois você entrega o seu pacote. Com um sorriso a pessoa recebe o pacote e, com um ar entre decepção e agradecimento pelo seu esforço, pronuncia enfática. “Acertou em cheio”.

Cumprida a segunda etapa vem o desfecho do “amigo secreto”, quando você recebe o seu presente. Se a sorte não tiver ao seu lado você não será o último. Isso significa ficar aguardando cada pessoa fazendo as mesmas descrições, sempre pensando que elas podem ser pra você. “Ele é legal, é brincalhão, bem humorado e blá, blá, blá...” (desculpe insistir no blá, blá,blá, mas é que todo mundo é legal no amigo secreto). Finalmente é a sua vez. Para acabar logo com aquele momento prolongado você rasga todo o pacote e lá está ele, nu e cru, o seu presente, bem diante dos seus olhos. Um belo balde preto! Você até espia para dentro para ver se não tem algo escondido ali. Mas nada. Sua esperança é vã. Não tem nada. Seu presente é mesmo o belo balde preto. Só resta então dizer sem medo de errar. “Que legal, um balde. Era o que eu estava precisando. E preto, combina com tudo.” Fria total.

O exemplo do balde pode parecer mentira, mas não é. Juro que não. Se o resto da história lhe for familiar saiba que não é mera coincidência, é só a prova de que estou certo. Mas para aqueles que se sentiram lesados no sonho do “amigo secreto” eu tenho que concordar, é sempre melhor um balde preto na mão do que não ganhar nada. Tanto acredito no “amigo secreto” que continuo participando de muitos, sempre com medo de ganhar um balde preto, é verdade, mas continuo.

*Douglas Dorneles da Rosa - Jornalista da Coordenadoria de Marketing da UNIJUÍ








 
Unijuí - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
Coordenadoria de Marketing

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