Um mês e meio na “terrinha” - Unijuí

Um mês e meio na “terrinha”

Antes de sair do Brasil fiquei sabendo da obrigação de escrever um relato sobre a estada em Portugal. Pensei: - Fácil, faço isso em 15 minutos. Agora, depois de um mês e meio, estou na frente do computador há mais de meia hora e não faço idéia de por onde começar a falar desse tão esperado intercâmbio em Portugal. São tantas coisas diferentes, tantas experiências novas que tornam o simples fato de escrever um relato uma difícil tarefa...

Devo começar com a arrumação das malas. Não é fácil saber o que você vai precisar para passar seis meses em um país que não se conhece nada. Chegando no aeroporto, aquele friozinho na barriga, que já vem desde a primeira reunião, começa a ficar mais forte, serão seis meses sem ver minha família, minha namorada, meus amigos. Estou preparado? Agora não tem mais volta. Então vamos.

A viagem foi cansativa, aquelas 10 horas entre o Rio de Janeiro e Porto não passavam, sem falar das 8 horas de espera no aeroporto do Rio. Chegando em Portugal, pegamos um táxi para ir até o hotel onde tínhamos reservado os quartos para os primeiros dez dias. Vinte euros e um passeio de uns 20 minutos por Porto, em uma Mercedes preta que mais parecia o carro de transporte do Presidente. O motorista, muito atencioso, ia explicando aonde estávamos, os bairros onde passávamos, onde era o centro histórico, caves de vinho e tudo o mais. Muito do que ele falava a gente não entendia, o português daqui é “um pouco” diferente do idioma no Brasil.

O hotel foi a primeira decepção. Aconselho a todos a ficarem em um hostel. Nos hotéis, além da diária ser mais cara, não se tem frigobar no quarto, não tem lancheria, não tem como comer comida quente. Passamos dez dias comendo sanduíche e cachorro quente, alternadamente. Quente não, frio mesmo, com salsichas em conserva.

Depois de uns quatro dias e uns 10 km de caminhada procurando, conseguimos alugar um apartamento, que hoje divido com mais três gaúchos, dois colegas da Unijuí e outro de Porto Alegre, que encontramos na reunião da reitoria. É lógico que a bandeira do Rio Grande do Sul enfeita a parede do corredor da casa. Do corredor, porque não temos sala. São dois quartos, uma cozinha, um cantinho que a gente deixa pra passar roupa e empilhar as malas, e um banheiro, muito bom por sinal.

As pessoas do Porto são bem atenciosas e, na maioria das vezes, tratam bem os visitantes. Óbvio que existem exceções e uma delas senti logo nos primeiros dias de aula por parte de um professor e alguns alunos que sempre ficam rindo quando nos chamam ou quando fazemos algum comentário. A impressão é que se acham melhores que a gente. Mas como é uma minoria, o melhor a fazer é ignorá-los.

Eu e mais dois amigos alugamos um carro e fomos conhecer a tão falada região do Algarve, ao sul de Portugal. Logo na chegada já podemos perceber o porquê deste ser um dos principais destinos da Europa no verão. São praias lindas, dignas de cartão postal, onde com apenas um celular na mão já me sentia um fotógrafo profissional, dada a beleza de cada lugar visitado. Não posso deixar de mencionar a emoção que senti, sendo um apaixonado por carros velozes, de passar por uma Ferrari parada em um posto de combustível e minutos após, vê-la passando por nós como se estivéssemos parados. E estávamos a 120 km/h, velocidade máxima permitida naquela estrada.

Durante essa “aventura sobre quatro rodas” calculamos uns 100 km onde estávamos completamente perdidos, andando em círculos, e assim, perdidos, conhecemos muitos lugares maravilhosos. Como o motivo da viagem foi viajar para curtir a semana FEUP, semana essa onde não temos aula, nenhuma das várias vezes em que nos perdemos chegou a nos estressar e cada estrada errada rendia algumas gargalhadas e alguns vídeos das ruas estreitas e às vezes sem saída em que nos metíamos.

Encerrando, fica como conselho para o pessoal que está pensando em vir pra Portugal: venham, assim que puderem. A experiência é única e eu aconselho a qualquer um. A única coisa ruim é a saudade, que bate forte, mas consegue-se amenizar, em parte com a internet. Termino com um agradecimento à Unijuí, por fazer a ligação entre nós, alunos e a Universidade do Porto, mas principalmente à minha família que não poupou esforços para e realização desse sonho, e a Deus por me deixar fazer parte dela. Um forte abraço a todos que leram até aqui, e até a próxima.

Pablo Olschowsky Borges
Acadêmico de Engenharia Mecânica da UNIJUÍ / Campus Panambi, realiza intercâmbio na Universidade do Porto, Portugal.


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