Cerca de 200 idosos foram atendidos, entre março e outubro deste ano, por professores e estudantes da Universidade
O Grupo Interdisciplinar de Apoio à Terceira Idade (Giati), vinculado à Vice-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão da Unijuí se reinventou durante a pandemia e apresentou um novo olhar ao seu público-alvo. Conforme explica a professora Solange Castro Schorn, do curso de Psicologia, o grupo começou a ser pensado no contexto da extensão universitária para atender aos integrantes do Programa Integrado para a Terceira Idade (Piti), ligado ao curso de Educação Física, que há 21 anos promove atividades com a melhor idade.
O novo cenário não só mudou a dinâmica de trabalho do grupo, como também alterou a forma de atendimento aos idosos.
“A pandemia instaurou uma nova realidade à população, que passou a vivenciar o distanciamento e o isolamento social. Foi neste cenário desafiador que o Grupo de Pesquisa em Envelhecimento Humano (Geron) passou a compor o Giati, já que ambos entendiam que o contato com os idosos deveria ser feito. Assim, teve início a organização de uma equipe de trabalho, focada em pensar no apoio e no acolhimento ao sujeito idoso, partindo da compreensão de que promover a atenção integral à saúde implica em colocar os diferentes campos do conhecimento em diálogo”, explicou.
Hoje, as atividades acontecem via teleatendimento e telemonitoramento, por meio de contatos telefônicos, WhatsApp, vídeos com orientações de saúde e encaminhamentos, conforme as necessidades. Os contatos são feitos em horários alternativos, como antes do meio-dia e antes do anoitecer, respeitando os hábitos do grupo. Com a incorporação do Geron, o número de idosos atendidos também aumentou: foram cerca de 200, entre os meses de março e outubro deste ano. Inicialmente, o Giati atendia uma média de 120.
“Construímos uma plataforma, com nomes e telefones, para registro das intervenções, possibilitando que todos tenham conhecimento das ações realizadas. A partir disso, foi produzido um protocolo de acolhimento, como instrumento norteador de diálogo, com o objetivo de identificar situações, físicas e emocionais, que geram sofrimento neste momento. Também, necessidades e casos de maior urgência ou vulnerabilidade”, afirma, ressaltando que os estudantes fazem o contato com o idoso a partir das informações contidas nessa plataforma. Após, cada um elabora uma síntese de como transcorreu a conversa para, posteriormente, levar à discussão de todo o grupo. “Ao identificar alguma situação que compreenda a necessidade de intervenção de outra área como Enfermagem, Nutrição, Psicologia ou Fisioterapia, realiza o registro na plataforma”, explica Solange, lembrando que a principal característica do projeto é manter o bem-estar deste grupo, considerado de risco no contexto da pandemia.
Dentre as demandas identificadas durante o contato, estão o medo, a ansiedade, a solidão, dificuldades na realização de atividades físicas e o relato de hábitos alimentares irregulares. A maioria dos idosos demanda maior atenção devido à mudança repentina do estilo de vida. “Manter o condicionamento físico e possibilitar aos idosos a realização de atividades em casa foi uma intervenção importante, realizada por meio da gravação de vídeos, de aulas encaminhadas para o grupo do Piti no WhatsApp, por exemplo. No momento em que um grupo estava realizando uma conversa telefônica, fazendo uma escuta mais específica, os idosos também estavam tendo acompanhamento de outras áreas. A característica desses atendimentos está na proposta e no olhar interdisciplinar que dão sustentação ao trabalho”, reforçou.
Desafios e resultados positivos
Na avaliação de Solange, o trabalho tem sido positivo tanto para os professores quanto para os alunos, que se descobriram capazes de se reinventar. “Muitas coisas diferentes foram feitas na tentativa de dar conta da nossa responsabilidade com a formação acadêmica e com a comunidade, respondendo ao compromisso que a Universidade tem. Outro marco foi nos enxergarmos como equipe interdisciplinar, compreendendo nossas ações em um conjunto, a partir de um mesmo olhar. Apesar de tudo que estamos passando, conseguimos construir um trabalho e isso é uma vitória”, comentou.
Construir todo o trabalho e manter as atividades requer uma mobilização constante. Cada contato, cada intervenção é um desafio instigante, segundo a professora, já que não é possível antecipar o que o grupo irá encontrar, o que é possível fazer no momento, qual será a demanda, e se será possível falar com o idoso ou não. “É uma novidade a cada dia”, reforça.
O Giati é formado por professores e estudantes do Projeto de Extensão Educação em Saúde, do Grupo de Pesquisa em Envelhecimento Humano (Geron), professores e estudantes dos cursos de Educação Física e Psicologia, e pela responsável técnica do Laboratório de Atividade Física e Promoção à Saúde da Unijuí.