Estudante de Biomedicina avalia efeitos de herbicida à base de glifosato - Unijuí

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Estudante de Biomedicina avalia efeitos de herbicida à base de glifosato

O uso extensivo de agrotóxicos na região, que acaba por gerar altos índices de exposição de forma voluntária e involuntária, motivou a acadêmica de Biomedicina da Unijuí, Rafaela Quintana Probst, a desenvolver seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que leva o nome de “Efeitos do herbicida à base de glifosato em parâmetros hematológicos de ratos Wistar”. A monografia está vinculada ao projeto de pesquisa “Efeitos do herbicida à base de glifosato: um estudo translacional”, pertencente ao Grupo de Pesquisa em Fisiologia (GPeF), do qual a estudante fez parte como bolsista de iniciação científica.

Para o estudo, Rafaela analisou uma dose de Ingestão Diária Aceitável (IDA) do herbicida, que teve aprovação em 2018 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Volume Máximo Permitido de glifosato na água potável é de 0,5 mg/L,  que  corresponde a 2,8% de IDA para um adulto de 70 kg. Segundo a Anvisa, essas dosagens seguem o padrão de segurança para ausência de risco à saúde, ponto que vem sendo fortemente questionado. 

“O meu TCC teve como objetivo a avaliação toxicológica do herbicida à base de glifosato sobre o sistema hematológico, com base na dose de Ingestão Diária Aceitável. A pesquisa teve colaboração para um melhor entendimento da ação do químico sobre esses parâmetros e no questionamento da segurança da IDA imposta pela Anvisa. Para isso, foi realizada uma pesquisa experimental com 12 ratos Wistar, machos adultos, simulando uma exposição subcrônica de oito semanas. A exposição dos animais ao agrotóxico foi de forma hídrica, através da água de consumo”, explicou a acadêmica, completando que os animais foram divididos em dois grupos experimentais: o grupo glifosato, que recebeu uma solução do herbicida à base de glifosato, com dose equivalente à IDA, para ter uma análise aproximada da realidade do consumo humano; e o grupo controle que recebeu somente água, para ter comparação dos resultados.

“A solução de herbicida à base de glifosato era preparada semanalmente, com a formulação comercial Roundup®️ Original DI. O preparo tinha como base o peso médio corporal e o consumo hídrico médio diário dos animais.  Para obtenção dos dados hematológicos, foram realizadas três coletas de sangue caudal de todos os animais: a primeira antes de iniciar a exposição ao glifosato, a segunda na 4ª semana e a terceira na 8ª semana de exposição. As amostras foram encaminhadas para o Laboratório de Análises Clínicas da Unijuí (Unilab) para a realização do hemograma. O estudo foi submetido ao Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Universidade e aprovado, conforme protocolo nº 025-19”, reforçou a estudante.

Segundo Rafaela, a exposição subcrônica à dose de Ingestão Diária Aceitável apresentou alterações em índices hematológicos do sangue periférico dos ratos, especificamente nos parâmetros de eritrócitos, hematócrito e leucócitos, indicando possível relação com condições pró-inflamatórias desencadeadas por estresse oxidativo. Os resultados que foram obtidos demonstram que a exposição ao herbicida à base de glifosato apresenta reflexos negativos sobre os parâmetros hematológicos, indicando riscos à saúde daqueles que estão em contato contínuo com o herbicida, seja ocupacionalmente, por exposição ao meio ambiente ou alimentos contaminados. Mesmo em doses significativamente baixas, o herbicida já é capaz de provocar alterações fisiopatológicas.

Rafaela, que prepara-se para a formatura no mês de março, vai seguir na área de docência e pesquisa, junto ao Mestrado em Atenção Integral à Saúde da Unijuí. Ela também pretende exercer a profissão na área laboratorial.


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