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Como parte da programação da 19ª Primavera dos Museus, o Museu Antropológico Diretor Pestana (Madp), em parceria com o Hospital Bom Pastor, a partir do Caps do Bosque, inaugurou, na última semana, um memorial em formato de horta. A inauguração ocorreu na atividade “Territórios dos Saberes: da Experiência Terapêutica a Lugares de Memória”.
O memorial foi construído por um usuário do Caps já falecido, que agora passa a carregar seu nome como forma de preservar a memória de sua contribuição. O espaço, que já cumpria função terapêutica no Caps, transforma-se em lugar de memória, no sentido apontado por Pierre Nora: um ponto do território em que práticas de cuidado se tornam visíveis, enraizadas em rotinas coletivas e ressignificadas pela comunidade.
Segundo o psicanalista Ubirajara Cardoso, representante do Caps, a inauguração reforça o papel simbólico do memorial. “A transitoriedade da vida encontra na memória uma condição de eternidade. Reconhecer esse canteiro é transformar uma lembrança em monumento, algo que permanece no tempo e alimenta o imaginário coletivo.”
Para a museóloga do Madp, Karen Barros, o momento ganha ainda mais relevância por dialogar com a temática da Primavera dos Museus – “Museus e Mudanças Climáticas”.“Estar num espaço de cultivo, de plantio, faz todo sentido para a reflexão sobre mudanças climáticas. Mais do que isso, reforça que lugares de memória não são apenas de pedra e cal, mas também de vivências, experiências de cuidado e convívio”, destaca.
Já a coordenadora do Caps do Bosque, Lidiane Dalla Nora, ressalta a importância da horta para o cuidado em saúde mental. “Os usuários participam do plantio e do cuidado da horta. Esse espaço externo faz parte do tratamento e fortalece a lógica do cuidado em liberdade. Hoje, com a comunidade presente, eles podem mostrar a relevância do Caps no território.”
Já a diretora do Madp, Iselda Sausen Feil, salienta a dimensão coletiva da atividade e reforça o momento como de aprendizagem e de diálogo. “O Museu só cumpre seu papel quando abre espaço para todas as vozes, reconhecendo diferentes experiências e memórias. Estarmos juntos com o Caps é mostrar que o Museu se faz também na escuta e na convivência.”
O evento contou com a participação da comunidade local, que prestigiou a inauguração do memorial, e foi marcado, também, pela apresentação da banda “Aprendendo a Viver”, formada por usuários do Caps AD II.
A atividade reforça a função social do Museu e a proposta de integração com o território, ao mesmo tempo em que evidencia a potência terapêutica e comunitária do Caps. O memorial da horta permanece como símbolo dessa união entre cuidado, memória e transformação social.
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