O processo de debates e construção coletiva do Pacto pelo Desenvolvimento do Rio Grande do Sul apresentou um amplo diagnóstico dos desafios estruturais do Estado e consolidou as principais propostas votadas pela sociedade para impulsionar um modelo de crescimento econômico sustentável. A iniciativa mobilizou prefeituras, câmaras de vereadores, órgãos públicos, universidades, entidades empresariais, sindicatos, organizações da sociedade civil e cidadãos, somando mais de 5,8 mil participações. O evento de entrega do Relatório Final ocorreu na Assembleia Legislativa do Estado, na segunda-feira, 8.
Pelo PPGDR, Unijuí, integraram a iniciativa os professores doutores Pedro Luís Büttenbender e Nelson Adelar Thesing, além da participação do doutor Alceu van der Sand, egresso do Programa. Através do Programa, ainda, dentro das atividades da iniciativa, também ocorreu o Seminário Regional da RF7, realizado em julho, em Santa Rosa. Por fim, o professor Pedro coordenou, em nível estadual, o Grupo de Estudos de Sustentabilidade da Indústria, Comércio e Serviços.
Entre os temas centrais do Pacto, destacam-se questões ambientais e climáticas, a modernização produtiva e industrial, a agricultura sustentável, a redução das desigualdades sociais e o fortalecimento da capacidade estatal. As propostas mais votadas envolveram desde a proibição do lançamento de efluentes no Rio Tramandaí e ações de recuperação de matas ciliares, até medidas de incentivo à transição energética, à inovação industrial e ao apoio à agricultura familiar ecológica. Também receberam destaque sugestões voltadas ao financiamento das universidades comunitárias, à economia solidária e ao reforço de políticas públicas em saúde e saneamento.
O diagnóstico traçado pelos participantes evidenciou a perda de dinamismo econômico do Rio Grande do Sul ao longo das últimas décadas, além de problemas como vulnerabilidade climática crescente, baixa taxa de crescimento populacional, forte dependência da matriz rodoviária, fragilidades na infraestrutura de energia e telecomunicações, desafios na qualidade da educação e limitações na capacidade fiscal do Estado. A combinação desses fatores reforça a necessidade de um planejamento territorial mais estratégico e integrado.
Os debates também enfatizaram que crescimento econômico e preservação ambiental não são caminhos opostos. Pelo contrário, a transição ecológica foi apresentada como um motor para gerar empregos, atrair investimentos e promover justiça social. A articulação entre ciência, vocações produtivas regionais, inovação tecnológica e participação da sociedade foi apontada como fundamental para impulsionar um novo ciclo de desenvolvimento sustentável.
Entre as recomendações finais, o relatório defende a criação de uma Mesa de Diálogo Interinstitucional permanente, reunindo Parlamento, Executivo, setor produtivo, comunidade científica e sociedade civil. O objetivo é dar continuidade às discussões e assegurar a implementação das propostas. Também foi sugerida a revisão de legislações não cumpridas e programas não executados, com foco em políticas que favoreçam a transição ecológica e o fortalecimento da governança ambiental. “O conjunto apresentado reafirma a urgência de repensar estratégias econômicas, sociais e ambientais do Estado, consolidando um pacto que coloca a sustentabilidade no centro das decisões e prepara o Rio Grande do Sul para enfrentar os desafios climáticos, garantir qualidade de vida à população e construir um futuro mais resiliente”, observa o professor Pedro Luís Büttenbender.
Por Fernando Goettems, mestrando em Desenvolvimento Regional - PPGDR/Unijuí, bolsista Prosuc II/Capes.