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Cine debate: Documentário Clandestinas é pauta no Museu

A noite desta quarta-feira, 22 de março de 2023, foi de reflexão para o público que visitou o Museu Antropológico Diretor Pestana. Abrindo a noite com o documentário Clandestinas, o Cine Debate trouxe luz a um assunto ainda tabu na sociedade brasileira: o aborto. A psicanalista Carolina Baldissera Gross e a médica ginecologista Sheila Carvalho foram as debatedoras que seguiram a pauta após a exibição do documentário, levantando problemáticas relevantes sobre o assunto. 

Para Carolina, por exemplo, entender a subjetividade que envolve a gestação é muito importante para o debate sobre o aborto. “Ao mesmo tempo que se debate e criminaliza o aborto, não se tem ações e práticas de construção e educação para que os sujeitos se entendam como seres sexuais. Hoje estamos em um momento muito delicado, de equívocos sobre o debate da sexualidade no campo da educação e da saúde, por exemplo, e isso está tomado por um campo de opiniões que desconsideram as pessoas que vão passar por isso, sejam as mulheres ou os homens - porque sim, os homens também passam por isso - ou ainda as famílias como um todo”, destaca e complementa que “é importante ter em mente uma coisa muito importante: ninguém deseja o aborto. O aborto se impõe dentro de inúmeras situações, sejam elas de vulnerabilidade tanto objetiva quanto subjetivas e dentro disso vem quase que um delírio coletivo de que descriminalizando o aborto, automaticamente estaríamos aumentando a incidência dele, o que não é uma verdade, pois nenhuma mulher deseja passar por isso. Ela pode desejar não estar grávida ou ainda desejar não ter engravidado. Mas jamais vai desejar passar pela experiência de um aborto”.

Já a médica Sheila Carvalho destaca que hoje, no Brasil, o aborto clandestino segue sendo uma das principais causas de morte materna, ultrapassando os valores de 50 para 100 mil habitantes, quando os números, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), deveriam ser 20. “A OMS considera o aborto clandestino um problema de saúde pública, pois sabemos que nos países onde o aborto não é crime a incidência de mortes maternas é muito menor. E aqui é importante destacar que não é uma discussão sobre liberar o aborto no sentido de libertinagem, mas no sentido de não criminalização, pois nesses países onde não é crime, não há uma incidência maior, o que acontece é uma condição mais segura e, consequentemente, um número menor de mortes”, explica. “O que as pessoas precisam entender é que o debate sobre o aborto é um debate sobre saúde pública e não um debate sobre opinião. Ninguém quer fazer um aborto ou que esse número aumente, mas o fato é que os abortos clandestinos acontecem e quando eles acontecem, acabam vitimando muitas mulheres. O que precisamos, como políticas públicas, é evitar essas mortes maternas”, conclui. 

O cine debate do mês de março foi uma promoção do Madp, com apoio da Clínica Devir. A programação faz parte das atividades culturais e de integração promovidas pelo Museu Antropológico Diretor Pestana e oferecidas de forma gratuita à comunidade regional. 


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