Ao resgatar edições do Cotrijornal, Madp recorda participação da Universidade no processo cooperativista regional - Unijuí

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Ao resgatar edições do Cotrijornal, Madp recorda participação da Universidade no processo cooperativista regional

O cooperativismo no Rio Grande do Sul pode ser considerado um dos fatores cruciais para o fortalecimento de diversos segmentos da economia, como exemplo as atividades rurais e agroindustriais em meio às crises e transformações socioeconômicas do país. O Museu Antropológico Diretor Pestana (Madp) preserva um acervo que representa a memória do cooperativismo gaúcho, um tema bastante pesquisado nas linhas que tratam do desenvolvimento e memória regional: documentos sobre cooperativas na Coleção Cooperativismo; a produção intelectual de docentes da Unijuí; os processos de ensino, pesquisa e extensão no Arquivo Fidene; e as edições do Coojornal e Cotrijornal na coleção Hemeroteca. O Cotrijornal foi produzido pela Cooperativa Tritícola Serrana Ltda (Cotrijui), fundada em 1957, e tem seu destaque, ora por conter todas as edições publicadas, ora por contextualizar uma instituição do Noroeste do Estado, que atingiu um destaque nacional. 

A mobilização mútua entre pessoas de setores produtivos com interesses e necessidades semelhantes, a intermediação governamental e a parceria entre diferentes instituições não estatais representam alguns dos aspectos dos movimentos associativos e cooperativistas. Quanto ao envolvimento de diferentes organizações no processo de formação especializada às cooperativas e produtores rurais da comunidade no Noroeste, é importante salientar o papel da Fundação de Integração, Desenvolvimento e Educação do Noroeste do Estado (Fidene) e sua mantida, a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), que, através da criação de cursos e projetos de pesquisa e extensão, participou do processo cooperativista regional. Ainda no período em que a instituição atuava como Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ijuí (FAFI), criada em 1956, já prestava seu apoio às necessidades das organizações locais através do Movimento Comunitário de Base. 

Assim, a produção do Cotrijornal, com 220 edições publicadas entre 1973 e 1994, constitui-se um dos frutos da relação cooperativa e instituição de ensino, a partir de um projeto iniciado no período da FAFI, mas apenas consolidado em 1970, por meio de um convênio da Fidene com a Cotrijui e a criação do Departamento de Comunicação e Educação da Cotrijui, sob coordenação do professor Rui Polidoro Pinto. O aumento do quadro de associados também motivou a criação do jornal, pois somente através de reuniões e assembleias a comunicação era insuficiente, principalmente, com relação às orientações técnicas e o fortalecimento da identidade cooperativista. 

Portanto, o Cotrijornal, além de contextualizar parte do movimento cooperativista, também integra a memória do jornalismo especializado no Rio Grande do Sul, reunindo um conteúdo direcionado aos cooperados e parceiros da Cotrijui, como também páginas que abordam diferentes temas, incluindo cultura, história, saúde e conteúdo infantil, caso do suplemento Cotrisol, elaborado pela Escolinha de Arte da Fidene, posteriormente Escola Francisco de Assis e atual Centro de Educação Básica Francisco de Assis (EFA). Como assuntos relacionados ao público-alvo, as edições apresentam reportagens e artigos sobre economia, desenvolvimento regional e aspectos técnicos de atuação dos membros, clientes e empresas ligadas à cooperativa. 

O período de produção do jornal acompanha diferentes fases da trajetória da Cotrijui. O professor de História Josei Fernandes Pereira, que desenvolve sua tese de doutorado na área de história regional*, considera três momentos-chaves da cooperativa: criação e consolidação (1957-1970); ampliação significativa dos quadros sociais, capacidade de recebimento, logística e área de atuação (década entre 1970 e início de 1990); estagnação e crise (pós década de 1990). Ele explica que as edições do Cotrijornal, enquanto fontes de pesquisa para a historiografia, possibilitam não apenas atestar os registros dos fatos da época e atuação da instituição, mas também constatar a condução dos sujeitos de um determinado contexto social em processo de profunda transformação, a partir de parâmetros ideológicos que determinam os próprios objetivos editoriais. 

A digitalização das edições do Cotrijornal para pesquisa e preservação dos originais integra uma das atividades realizadas no Projeto Difusão da Memória Social através da Imprensa em ljuí e Rio Grande do Sul: conservação do acervo de jornais e acesso eletrônico às publicações sobre a revolução farroupilha (1838-1840) e o cooperativismo regional (1973-1994), com o financiamento Pró-Cultura RS - Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através do Edital SEDAC nº 07/2021 do Concurso FAC Patrimônio. Ainda que encerrada a publicação, percebe-se a relevância das reflexões que podem ser extraídas do Cotrijornal para novos debates. Por isto, a preocupação do Museu em conservar, organizar e facilitar o acesso ao patrimônio documental que preserva, de maneira a contribuir com a difusão da memória social, através da pesquisa. 

*Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo (UPF), área de concentração História Regional, linha de pesquisa Sociedade e Economia. 

Texto por Amanda Keiko Higashi, arquivista e colaboradora do Museu Antropológico Diretor Pestana.


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