Dissertação investiga consequências do uso de agrotóxicos no Sul do Brasil - Unijuí

Dissertação investiga consequências do uso de agrotóxicos no Sul do Brasil

O aumento no uso de agrotóxicos no Brasil, somado à alta incidência de doenças crônicas na população, especialmente entre moradores da área rural, levou a então mestranda em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade da Unijuí, Suelen Caroline da Luz, a desenvolver sua dissertação acerca do tema “Análise de casos de intoxicações e de câncer e sua possível relação com o uso de agrotóxicos no sul do Brasil”. Suelen é graduada em Ciências Biológicas pela Universidade e atualmente é doutoranda em Produção Vegetal pela Universidade Federal do Paraná.

Conforme explica Suelen, sua dissertação foi divida em três artigos: o primeiro contempla a análise do perfil das intoxicações por agrotóxicos de uso agrícola, referente ao período de 2008 a 2016, nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a partir dos dados disponíveis no Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox); no segundo foi realizada uma análise da prevalência e mortalidade por câncer no período de 2013 a 2020, disponíveis no portal DataSUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde) e a possível associação com o uso de agrotóxicos no sul do país; e o terceiro objetivou analisar o que está publicado na literatura sobre a exposição a agrotóxicos e danos no DNA humano em moradores da zona rural.

Na primeira etapa, foram encontrados registros de 10.316 casos de intoxicações por agrotóxicos de uso agrícola no período delimitado, com maior percentual de homens e faixa etária de 20 a 59 anos. Quanto às circunstâncias em que ocorreram os maiores percentuais, foram acidentes individuais, ocupacionais e tentativas de suicídio. Já no artigo 2, verificou-se que os estados do sul do Brasil têm prevalência de câncer em comparação com o Brasil, com destaque para o estado do Rio Grande do Sul, e que o sexo feminino apresenta maior número de casos, porém, o sexo masculino apresenta maior mortalidade. A literatura aponta que grande parte das pessoas acometidas por neoplasias têm ou tiveram exposição ambiental ou ocupacional, em algum período de sua vida, aos agrotóxicos. No último artigo, Suelen mostrou que os resultados da literatura evidenciaram que os agrotóxicos são causadores de danos genéticos e representam um risco potencial para a saúde da população rural, principalmente dos que trabalham, constantemente, com estes compostos.

“A partir dos resultados obtidos, foi possível evidenciar que os agrotóxicos apresentam efeitos perigosos à saúde humana. Estes efeitos ainda não estão bem definidos, mas não podem ser ignorados. Os agrotóxicos comprometem a saúde da população a longo prazo, com a contribuição para o aumento de doenças crônicas. Mesmo que, em termos capitalistas, estes produtos sejam eficazes, levanta-se a questão de que os mesmos comprometem a vida humana”, explicou Suelen.

Natural de Ijuí e residindo entre os estados de Curitiba e São Paulo, Suelen dedica-se ao doutorado, atualmente, e também trabalha fazendo propagação vegetal in vitro da espécie nativa canela-sassafrás, com o objetivo de repovoar áreas em que esta espécie já foi praticamente extinta, além de estabelecer linhagens genéticas superiores e obter compostos químicos de interesse.




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