Estudo da Unijuí sobre jejum intermitente é publicado em revista científica internacional - Unijuí

Estudo da Unijuí sobre jejum intermitente é publicado em revista científica internacional

Recentemente, foi publicado por pesquisadores da Unijuí um estudo na revista científica internacional Nutrition (Nutrição), intitulado Effects of alternate day fasting and time-restricted feeding in obese middle-aged female rats (Efeitos do jejum de dias alternados e da alimentação com restrição de tempo em ratas obesas de meia-idade). A revista está classificada como a 18ª em relevância na área da Nutrição, entre 131 revistas, e como a 40ª na área de Medicina: Endocrinologia, diabetes e metabolismo, de acordo com ranking global de revistas científicas indexadas na Scopus.

Este estudo é fruto de uma investigação iniciada em 2018, como projeto piloto, no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Nutrição da Unijuí pela hoje nutricionista Bruna Endl Bilibio, sob orientação do professor doutor Thiago Gomes Heck. A ideia da pesquisa nasceu no contexto de que, atualmente, a população mundial está vivenciando o que chamamos de transição nutricional, que tem levado a grandes preocupações das sociedades científicas e esferas da administração pública. 

Nessa chamada transição nutricional, epidemiologicamente se observam mudanças no perfil nutricional da população em um curto período de tempo, ou seja, a alta prevalência de desnutrição dá lugar à alta prevalência de obesidade. São vários os fatores que estão desencadeando essa transição, sendo o principal as mudanças na qualidade da dieta, com aumento no consumo de alimentos ultraprocessados, fast-foods, gorduras saturadas e trans, e a diminuição do consumo de vegetais, frutas e fibras alimentares.

Após concluir a graduação, a nutricionista Bruna Bilibio continuou sua pesquisa no Grupo de Pesquisa em Fisiologia (GPeF) no mestrado, no programa de Pós-graduação em Atenção Integral a Saúde (PPGAIS), sob orientação do professor Thiago Heck e coorientação do professor doutor Vinicius Cruzat da Southern Cross University, da Austrália.

O trabalho foi realizado no Laboratório de Ensaios Biológicos da Unijuí pelos integrantes do GPeF, mesmo diante das muitas dificuldades impostas pela pandemia, na linha de pesquisa Processos Químicos e Biológicos em Saúde do PPGAIS. O estudo teve a participação de bolsistas de iniciação científica (Welerson dos Reis e Juliana Pinheiro do curso de Medicina, e Letícia Compagnon do curso de Fisioterapia), mestrandos (Lucas Sulzbacher e Diovana de Batista), voluntários e pesquisadores do GPeF vinculados ao PPGAIS (professor Matias Frizzo e professora Mirna Ludwig).

O estudo investigou os efeitos de dois modelos diferentes de jejum intermitente em ratas obesas de meia-idade alimentadas com dieta hiperlipídica. Esta dieta é um modelo de estudo de obesidade e processo de desenvolvimento de diabetes. Sabe-se que as alterações causadas pela obesidade podem ser agravadas durante o envelhecimento feminino, devido às mudanças causadas pela diminuição da produção de hormônios ligados ao ciclo reprodutivo feminino. É comum que mulheres de meia-idade vivenciem mudanças na composição corporal devido ao processo de envelhecimento que, somadas à obesidade, podem se agravar.

Nesse cenário, são recomendas estratégias que facilitem a redução da adiposidade corporal e promovam a adesão a um estilo de vida mais saudável. Uma das abordagens mais comuns são as famosas dietas (intervenções) que reduzem a oferta de calorias na alimentação (conhecida como restrição calórica), sendo muito comum existir a adesão às conhecidas “dietas da moda” por parte principalmente da população feminina, como por exemplo o jejum intermitente.

Essa estratégia consiste na realização de período de jejum prolongado, sendo os mais estudados e realizados o jejum de dias alternados (JDA) e a alimentação com restrição de tempo (ART). Embora existam resultados promissores em relação à diminuição de peso corporal e melhora de marcadores metabólicos, as evidências ainda são contraditórias e parecem depender de vários fatores como tempo de jejum, idade, sexo, consumo alimentar, entre outros.

Os resultados do estudo da Unijuí indicam que, embora as abordagens de jejum intermitente levaram à redução do peso corporal das ratas, tais estratégias falharam em promover melhorias na adiposidade e marcadores de saúde metabólica, como perfil glicêmico e lipídico. Além disso, a prática dos jejuns levou ao aumento de biomarcadores de inflamação, que podem promover danos à saúde. Tais resultados, realizados com este modelo pré-clínico, sugerem cautela ao realizar essas estratégias dietéticas.

O estudo foi realizado com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (#307926/2022-2), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul - Fapergs, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes e Unijuí.


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